quinta-feira, 15 de abril de 2010

Luiz de Aquino - Esquina do Tempo (2004)


01. Na mata
02. Dia dia
03. Brincar com a liberdade
04. Noites claras
05. Reg rima dor
06. Este seu olhar
07. Caminhos de cuba
08. Samba de uma nota so (one note samba)
09. Pode ser agora
10. Primeiro amor
11. Esquina do tempo
12. Vamo nesse passo
13. Caminhos de cuba (Roots Mix)

Original, agradável e bem executada. Assim é a música de Luíz de Aquino, que nos brinda com seu quarto disco. Provavelmente pelo fato de viver na França há 20 anos, o paulistano ainda não é muito conhecido pelos brasileiros. Pena para nós...Luíz atravessou o Atlântico porque foi aceito, em 1983, pelo Conservatório Nacional de Paris, um dos mais renomados do mundo. Isto significou o ápice de uma formação em violão clássico iniciada aos 14 anos e que inclui estudos em composição e regência na UNESP. Luíz de Aquino acabou ficando na Europa, onde tem desenvolvido uma sonoridade muito particular, fruto, talvez, da
experiência intercultural. Bem na "Esquina do Tempo", a Bossa Nova vem se encontrar com a música eletrônica; os ritmos caribenhos flertam com a embolada; o reggae, o jazz e a balada sentimental se esbarram, de passagem. Como fios condutores, perpassando a maioria das faixas, estão belos dedilhados no violão e uma voz macia, macia. O resultado é um disco variado, mas ao mesmo tempo harmônico. Como não podia deixar de ser, duas releituras de clássicos da MPB constam do CD: "Este seu olhar" e "Samba de uma nota só" esta segunda, numa interpretação bem diferente. Mas a maioria das faixas consiste em composições do próprio Luíz, com letras também escritas por ele. As letras – curtas e, por vezes, poéticas -merecem atenção. O ritmo da canção "Caminhos de Cuba", por exemplo, é marcado por versos de apenas duas sílabas poéticas, praticamente recitados. Em "Liberdade", composta em homenagem às vítimas do atentado de 11 de setembro, as palavras têm papel primordial: a repetição de "culpa" no início de todos os versos e a velocidade com que são cantados deixam-nos a impressão de uma metralhadora de notas musicais. Sem mencionar "Dia Dia", que se abre com uma percussão vocal. Outro aspecto interessante é que, com o auxílio de um sampler, Luíz de Aquino executa em algumas faixas o acompanhamento e o solo de violão ao mesmo tempo. Aliás, percebe-se o virtuose clássico por trás do intérprete de música popular em vários momentos, como na própria "Caminhos de Cuba". (Ilana Goldstein)

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