quinta-feira, 6 de maio de 2010

Lurdez da Luz - Lurdez da Luz (2010)


01 Por um punhado de palavras
02 Ah uh (onomatopeias)
03 Andei
04 Ziriguidum
05 Corrente de água doce
06 Meu mundo numa quadra
07 Saudade
08 Eu sou o cara
09 Fim do egotrip

Depois de atravessar a última década portando um dos microfones do Mamelo Sound System e participar de projetos como o 3naMassa, Lurdez da Luz embarca em seu primeiro voo solo botando na rua um belo EP homônimo. O burburinho que Lurdez estaria preparando um disco de amor se confirma já na audição da primeira das nove faixas do EP, quando acompanhada por toques de tambores a moça anuncia: “esse é meu produto, é interno e bruto”. O disco que brotou do desejo de falar de amor de maneira plural, e com mais dignidade do que tem se ouvido por aí, explora com talento as nuances da condição feminina em muitas das suas várias possibilidades. O amor de mãe bate ponto em “Meu mundo numa quadra, um misto de declaração e carta de boas intenções para o futuro do filho. Em “Andei” Lurdez toma o processo como tema e, em parceria com Stefanie (Simples e Pau-De-Dar-Em-Doido – PDD), discorre sobre a necessidade de se aventurar e as implicações das escolhas de sua maneira de viver. A sequência “Ziriguidum” – “Corrente de água doce” é o ponto alto do disco no quesito “música de baile”. A primeira, em parceria com Rodrigo Brandão (MSS), pega o ouvinte pelo suingue do trompete, contribuição de Rob Muzek (SP Underground) e explora o conceito que todo brasileiro entende com o corpo, mesmo sem saber explicar o que a palavra ziriguidum significa. A segunda é uma genial parceria com Jorge Du Peixe (Nação Zumbi) e aposta em outra direção no sentimento de brasilidade abordando a força e disposição que, apesar dos pesares, nosso povo tem para a celebração e a festividade. Já “Saudade” tem um clima mais denso e traz Brandão de volta a cena, enquanto “Eu sou o cara” serve de manual para os marmanjos entenderem com todas as letras como as mulheres gostariam que os homens se portassem em um relacionamento. Para fechar, assim como na abertura, a faixa “Fim da egotrip” dialoga com a tradição do spoken words, enriquecendo ainda mais o disco que extrapola as fronteiras do que se convém chamar hip-hop e lança Lurdez da Luz na seara da música brasileira contemporânea.(Por João Xavi)

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