segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Adriana Deffenti - Peças de Pessoas (2002)


01. Balagandans ((Maurício Pereira)
02. Quem te Ensinou a Dançar? (Otávio Santos e Luciano Granja)
03. Sapatos em Copacabana (Vitor Ramil)
04. Música Para a psicoterapeuta (Juli Manzi)
05. Menina do Jornal (Adriana Deffenti)
06. Samba Tango (Otávio Santos)        
07. Pô, Amar é Importante (Heremelino Neder)
08. Chá Chá Chá Moderno (Nei Lisboa)
09. Going to California (Jimmy Page & Robert Plant)
10. Peças de Pessoas (Mateus Mapa e Leonardo Boff)
11. Canção sem Autor (Nico Nicolaiewsky)
12. Querendo Chorar (Teixeirinha)

Ao entrevistarem uma cantora nova, os jornalistas quase sempre querem saber de suas influências. Sendo gaúcha, então, as comparações com “Aquela” vêm de imediato. É um modo de começar a conversa a partir de alguma referência, e Adriana Deffenti até poderia aceitar esse caminho, reconhecer-se em alguém. Mas prefere a pura sinceridade, surpreendendo com uma afirmação incomum: “Não tenho influência de nenhuma cantora”. Da mesma forma, intrigará o entrevistador que perguntar sobre seu estilo, porque não há um só. Adriana é uma soma, resultado mais ou menos complexo de uma artista completa formada no ambiente multicultural de Porto Alegre. Quando assumiu a carreira de cantora, em 1998, veio sem rótulos. Nem de “eclética” era chamada. O primeiro disco, Peças de Pessoas , de 2002, foi visto pela imprensa como pop. Já o prestigiado Prêmio Açorianos de Música, o situou na categoria MPB. Com acompanhamento de banda, tinha canções dos paulistas Maurício Pereira e Hermelino Neder, de gaúchos consagrados como Vitor Ramil, novos como Juli Manzi, Otávio Santos, Mateus Mapa, e duas surpresas: Going to Califórnia , do Led Zeppelin, e Querendo Chorar , de Teixeirinha. Em 2006, o segundo CD, movido basicamente por violões e percussão, não era mpbista e muito menos pop – andava em outra via, cruzando Herbert Vianna, Luiz Tatit e Nei Lisboa, a portuguesa Maria João, o uruguaio Eduardo Mateo, os argentinos Edgardo Cardozo e Gustavo Cerati (do Soda Stereo). Nas duas vezes em que foi indicada ao Açorianos pelos discos e respectivos shows, Adriana levou os troféus de melhor intérprete. Disputar com ela é parada difícil para os outros concorrentes. Neste segundo semestre de 2008 ela afina o repertório do terceiro CD, de novo mostrando que não gosta de marcar passo no mesmo lugar. Vem aí uma, digamos, terceira via. O título já está praticamente definido: Malabarismo Íntimo . Saiu de uma entrevista para o jornal Zero Hora na época do lançamento do segundo CD, e que tem muito a ver com o que este texto está dizendo: “No canto popular se fala muito que é preciso ter estilo, identidade. Eu temia que, usando meus recursos técnicos, a voz ficasse irreconhecível. Mas chutei o balde, gosto de brincar com a voz”. “É como na dança”, ela continua. “Treinar muito um movimento difícil e conseguir executá-lo é um prazer físico. É como um malabarismo.” E aqui estão mais dois elementos para justificar a definição de “artista completa” usada acima, o estudo do canto e a dança. Nascida em uma família que sempre gostou de cantar, aos sete/oito anos Adriana tanto cantava durante as aulas que a professora sugeriu aos pais que a matriculassem em um projeto de alfabetização musical desenvolvido na UFRGS, onde começou a estudar flauta. Precoce, aos 14 anos fez o teste e passou a integrar o rigoroso Coral da UFRGS, formado por universitários. Também seguiu com os estudos de flauta e logo entrou na Escola de Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Na hora do vestibular, e mesmo que já corresse o ano de 1995, a velha história de que “música não dá grana” levou-a ao curso de Publicidade, na PUC. Confusa, no meio do ano fez vestibular para Música na UFRGS, desistindo em poucos meses. A esta altura, já participara de alguns espetáculos musicais e de dança (como cantora e bailarina), e integrava, cantando e tocando flauta, a banda pop Fróide Explica. “Pela primeira vez cantei com microfone, adorei a função, conheci gente, me aproximei da música popular”, recorda. Em 1997, durante os dois meses em que viajou de mochila pela Austrália, conheceu músicos chilenos e – outra primeira vez – cantou em espanhol. Na volta, segue na Fróide e vai estudar canto lírico com Ida Weisfeld, que conhecera no Coral. Todos estes detalhes iniciais estão aqui para resumir e enfatizar o quanto Adriana Deffenti foi de modo quase instintivo, mas obstinado, se preparando para a carreira de cantora. A sublinhar o processo, há ainda um breve momento de 2001, já cantora de sucesso na cidade, em que atuou no espetáculo Pão e Circo , do Circo Girassol (um Cirque de Soleil em versão local, pequeno e pobre, mas, como se diz, “cumpridor”). No front dos palcos, viveu todas as experiências. Foi também breve vocalista da banda pop-experimental Juli Manzi e Os Heterogênios, cantou na noite com o grupo de jazz do guitarrista James Liberato (nas horas vagas, seu professor de violão). E empurrou o curso de Publicidade até se formar, sabendo que seu negócio era mesmo a música. Brincando com a voz, estreou como solista em 1998, no show Quem te Ensinou a Dançar , embrião do primeiro disco. Os jornalistas musicais registraram a emergência de uma cantora diferenciada, promessa para os anos 2000. “Parece que foi no século passado”, espanta-se. “Pensei em misturas acústicas com eletrônicas, coisas que hoje eu acho meio bobas. Mas fiz shows pelo Estado até isso se esgotar e eu me cansar das músicas. Em 2005, disse ao Marcelo Corsetti, produtor musical de Peças de Pessoas e que sempre me estimulou, que estava difícil decidir o que fazer. Ele propôs fazer uma apresentação light na Livraria Cultura e daí ver como ficava. Eu já tinha dividido o palco com Nei Lisboa, já tinha feito um show cantando músicas dos filmes de Almodóvar...” Nesse clima, Adriana estreou no Rio em 2006, participando de um projeto com novas cantoras chamado “A Música das Mulheres”. Também pela primeira vez cantou em Buenos Aires, no festival “Jazz y Otras Músicas”. O sucesso na Argentina levou ao lançamento lá do segundo disco (pela Random Records) e ao convite para uma temporada, em abril de 2008, na casa noturna Notorious, onde foi recepcionada na estréia por Fito Paez. “Tem sido mais fácil me vender por lá do que no Brasil”, brinca. Logo depois, em junho, Bobby McFerrin escolheu-a para uma participação no show de Porto Alegre. Com a agenda do segundo semestre marcando apresentações no Rio, em São Paulo e uma visita a Europa, Adriana – ou “La Deffenti”, como já é chamada no Sul – quer fazer de 2008 e 2009 os anos de sua projeção nacional. Cantando música boa, para além de rótulos ou carimbos.

2 comentários:

  1. Gringo: Desde a primeira vez que ouvi Adriana fiquei fã incondicional dela... Conheço dois discos e tenho fuçado a net a procura de mais informações de La Deffenti. No texto acima é mencionado um disco de 2008. Esse eu não conheço. Vai pintar por aqui? Espero que não aconteça com ela o que aconteceu com Simone Capeto: sumir!

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  2. Zé,

    Tbém espero que ela ñ suma.
    Em seguida vou postar o outro disco.

    Abços

    Gringgo

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